Bom, hoje eu acordei bem em cima da hora, tomei uma ducha bem mais ou menos no chuveirinho sem pressão do banheiro da minha suíte. Quando saí do quarto o Raphael já estava pronto e o Than (um cara de Myanmar que não entende nada de inglês, nada mesmo) estava sentado no sofá.
Tomei um café da manhã de prisão, pão com água, e descemos para esperar o motorista. O motorista chegou atrasado, porque ficou esperando em um bloco do condomínio enquanto a gente esta na frente do outro.
Chegamos na empresa, me entregaram uns documentos e me mandaram entrar rapidamente de volta no carro para ir até o FRRO (Foreigners Regional Registration Officer). Não havia nenhum documento para o Raphael, aí percebemos (a gente já tinha percebido antes) que ele não deveria estar ali, mas em outro lugar. Entrei no carro e os dois ficaram na empresa.
Foi um longo passeio até o FRRO, mais de uma hora de viagem, no norte para o sul da cidade. Não vou descrever detalhadamente como é a cidade, pois é indescritível. Havia muito de tudo: gente, carros, rickshaws, ruas, feiras, prédios, favelas, etc. O clima parecia o do Rio de Janeiro no inverno, quando temos inversão térmica na parte da manhã.
Quando chegamos lá, o motorista começou a falar em "inglês" e eu fiquei olhando pra ele com cara de égua. Depois de algum tempo sem entender nada eu percebi que ele me pedia um telefone celular, eu disse que não tinha. Aí ele começou a fazer várias ligações em hindi.
Eu percebi que o hindi dele se parece o com o inglês deles. É a mesma coisa, independe se eles falam inglês ou hindi, sempre parece que estão falando hindi, nunca inglês.
Depois de um tempo chegou um cara chamado Hitesh (não lembrei o nome dele, eu acabei de ler em um papel) e começou a falar um inglês que eu entendia!!!!
Ele era o meu guia e estava me explicando tudo o que eu precisava fazer para me registrar na imigração. Ele era muito atencioso e já respondia todas as perguntas que a imigração iria fazer. Falava pra eu assinar aqui, escrever ali, colar foto aqui, cadastrar ali, tudo mastigadinho.
Mas ele não podia ficar do meu lado dentro do escritório da imigração, então ele ficava do lado de fora e de 15 em 15 minutos ele ia chegar se estava tudo bem. Muito legal.
Depois de mil horas de burocracia eu saí de lá com permissão de residência na índia. Sou oficialmente residente na Índia, procure por "Raheja Sherwood, mumbai" no google para achar minha residência em Mumbai.
Na volta até a empresa, eu voltei dormindo pra variar. Ao chegar na empresa eu senti que as pessoas iam me jogando de uma pessoa para outra. Ninguém queria o peso de um trainee do lado. Ficaram me jogando tanto de um lado para o outro que perdi o almoço. Estava morrendo de fome, aí me mandaram pra casa pra almoçar.
Depois do almoço me deram a passagem para Baroda, mas tentaram me jogar de novo pra outra pessoa inexistente e me largaram em uma sala junto com o Than. Aí vi uma pessoa com cara de importante passando e pedi informações. Ele se apresentou como Preston (com esse nome dá pra ver que não é indiano) e me chamou para a sala dele.
Ele percebeu que eu estava perdida e não sabia o que fazer e me deu algumas orientações. Ele é o chefe dessa unidade da Índia, ele foi muito simpático, mas não "fofinho" como os indianos. Me deu várias dicas, ligou para o meu gerente em Baroda e avisou o horário do meu voo para um motorista ir me buscar no aeroporto.
Me falou como é a base de Baroda, me deu telefones importantes e várias outras coisas. Qualquer pessoa que passava pela porta da sala dele, ele chamava pra dentro e me apresentava (que vergonha!).
Depois de um tempo chegou o meu "Training Manager" que se chama Sikander (Alexandre em Hindi). Ele chamou o Than que estava sozinho do lado de fora e nos levou para um "Tour". Nos apresentou a várias pessoas com nomes que eu não lembro e nos falou da nossa tragetória daqui pra frente. A minha vai ser difícil por causa do prazo que é menor, e a do Than também vai ser difícil porque terá que aprender inglês nas próximas semanas.
Eu e o Than pegamos o mesmo taxi e combinamos de irmos junto jantar no shopping. Mas quando a gente se despediu, ele disse pra não esperar por ele. Ou melhor ele não entendeu nada do que eu tinha tentado combinar com ele antes. Ele fica balançando a cabeça quando não está entendendo nada, parece que está concordando, fica falando ok.
Fiquei irritada de ter que ter outra refeição sozinha no shopping hoje e fiz miojo em casa. Não preciso dizer que a porcaria do miojo era picante e quase joguei ele fora.
Bom, amanhã eu acordo as 3 da manhã para ir para Baroda. Esses dias foram bem leves e tive bastante tempo para escrever, mas tenho certeza que não será a mesma coisa daqui pra frente...