Estou morando fora do Brasil há quase 6 anos, passei por Índia, Emirados Árabes, Qatar, Oman e Bahrain. Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas de diversas culturas, etnias, religiões, etc. Sempre tentei abrir mais a minha mente, para aprender a respeitar melhor as diferenças.
Os nativos dos países do Golfo (EAU, Qatar, Oman, Kuwait, Arábia Saudita, Bahrain) em sua maioria não realizam trabalhos de baixa remuneração e contratam estrangeiros de países mais pobres para fazer isso. Estrangeiros de países mais pobres aceitam os empregos por falta de oportunidades em seus países de origem e a possibilidade de ajudar suas famílias trabalhando no exterior.
Contratam indianos, paquistaneses, filipinos, tailandeses, indonésios, entre outros, pra serem empregados domésticos, operários de construção civil, manicures, etc.
Até aí tudo bem, eu também aceitei um emprego fora do meu país como uma oportunidade melhor que no Brasil... Qual a diferença então? A diferença está nos contratos de trabalho que nem sempre favorecem o trabalhador, nas condições em que eles trabalham e moram, algumas vezes o empregador tem a posse do passaporte do trabalhador (!).
Pra mim a diferença também está no tratamento que essas pessoas recebem dos seus patrões e no direito de ir e vir.
As empregadas domésticas normalmente tem um contrato de 2 anos, a passagem de ida e volta ao país de origem é coberta, mas não necessariamente tem dias de folga. Moram na casa da família, normalmente em um quarto/casa separado. Imagina trabalhar 2 anos sem um dia de descanso. E durante esses 2 anos receber um tratamento desrespeitoso de uma família inteira. Reclamar pra agência de emprego também não resolve, pois o patrão tem sempre razão. A solução é aceitar calada os dois anos passarem e nesse meio tempo ajudar a família se possível.
Tirando o fato de estar em um país diferente, essa foi (ou ainda é) a realidade de muitas no Brasil. Se trocarmos a palavra "país" nesse texto pra "estados" podemos fazer um paralelo "sudeste" e "nordeste" ou até "cidade grande" e "subúrbios".